Студопедия — O Luso-tropicalismo
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O Luso-tropicalismo






 

Em 1940, um sociólogo brasileiro, Gilberto Freyre, pronuncia uma conferência intitulada “Uma Cultura Ameaçada: a lusobrasileira.”

Nela, manifesta a sua preocupação em relação à necessidade de defender a sua cultura perante o avanço do nazismo na Europa, baseado no nacionalismo, que engendra agressões militares, políticas e culturais.

A seu ver, os verdadeiros conflitos não se dão entre nações, mas entre culturas. Contrapondo as teses nazis que justificam teorias de superioridade, Gilberto Freyre emprega recursos científicos (sociologia, antropologia, história), defendendo a civilização luso-brasileira. O contraste entre as fórmulas luso-brasileiras e nazis são flagrantes.

De um lado a democracia racial, mestiçagem, equilíbrio de antagonismos, simbiose social e cultural. Do outro, a pureza racial, a lei do mais forte, uniformização social, e estética de massas.

A busca da identidade nacional leva-o à conclusão de uma civilização transnacional, lusotropical.

 

De 1951 1952, a convite do Ministro do Ultramar Português, Sarmento Rodrigues, Gilberto Freyre viaja pelas províncias do ultramar português.

É nessa altura que surge pela primeira vez o termo luso-tropicalismo. Desta viagem nasceram dois livros: Aventura e Rotina e Um Brasileiro em Terras Portuguesas, e a proposta de criação de uma nova disciplina científica, a que chamou luso-tropicologia.

Desenvolve então uma vasta reflexão sobre o modo português de habitar os trópicos.

Refere que a miscigenação teria sido a pedra de toque da presença portuguesa nos trópicos, sendo de salientar por outro lado a capacidade inata dos portugueses de se relacionarem com as indígenas sem preconceito racial.

O português fixou-se em vários continentes, em trópicos húmidos, por afinidade com as condições físicas de Portugal, semelhantes às do norte de África. O sociólogo brasileiro encontrou no português uma predisposição biológica para se implantar nos trópicos, derivada às suas origens judaicas e mouras, refletidas no seu carácter móvel, dinâmico e inquieto.

O português introduziu, e levou de umas para outras zonas de ocupação, culturas agrícolas, pondo em prática com êxito a experiência dos habitantes da Madeira, habituados a trabalhar terras áridas quentes. Da América para outras terras, levou nomeadamente melão, milho, batata. No Brasil, introduziu as culturas da coqueira, e da manga, trazidas da Índia, entre outras.

No caso do Brasil, desenvolveu-se uma civilização agrária de tipo patriarcal e escravocrático, inspirada, de acordo com Gilberto Freyre, na escravatura de tipo árabe, assente numa relação patriarcal entre mestre e cativo.

Aponta características comuns à culinária dentro do espaço luso-tropical. A arquitectura doméstica portuguesa adquiriu grande luxo no oriente e no Brasil. No que toca à música, salienta a influência dos mulatos vindos do Brasil, com as chamadas modinhas, às quais alguns musicólogos atribuem a filiação do fado.

Defende a ideia de uma propensão do português para a paz, para a estabilidade e permanência, aquilo a que o sociólogo chamou de “Pax Lusitana”, uma síntese de antagonismos, e de adaptação às populações tropicais.

 

Os portugueses tornaram-se pioneiros na ciência do vestuário da Europa ao adotarem e universalizarem os hábitos indumentários das populações tropicais. No interior da Índia, usavam sandálias, véus, xailes, pijama, e robe, o que ao longo do século XVII lhes valeu numerosas críticas dos britânicos, que consideravam que tais hábitos comprometiam a dignidade europeia. Vulgarizaram o uso da roupa de interior branca, da camisa desportiva, também ela herdada dos indianos.

Lembra-nos que é ao missionário jesuíta português São João de Brito que se deve a invenção do bronzeado, no século XVI, tendo untado a pele então com unguentos para adquirir uma tez escura semelhante à das populações locais, com o intuito de as converter ao catolicismo. Desta feita, pela primeira vez na civilização humana, um homem branco ultrapassou o preconceito racial, numa época em que os cânones de beleza ocidentais privilegiavam a palidez.

Importa relembrar que os portugueses foram os primeiros a desvendar alguns dos complexos sistemas sociológicos, como o das castas que rege até hoje a hierarquia social hindu.

 

O discurso lusotropical de Gilberto Freyre de início teve pouca aceitação em Portugal, mas acabou por ser instrumentalizado pelo regime do Estado Novo, a partir dos anos 50, no contexto da nova ordem política internacional do pós-guerra. O regime de Salazar viu-se então obrigado a reconfigurar os fundamentamentos ideológicos da política colonial de Portugal, com o intuito de manter o império colonial.

Estas teses foram fortemente postas em causa pelos intelectuais, principalmente no Brasil e em África, que consideravam que as teorias luso-tropicais eram baseadas em impressões, e não em estudos empíricos, sobretudo no que diz respeito à questão da ausência de preconceito racial, sendo que a mestiçagem não trouxe necessariamente benefícios nem à mulher de cor, nem aos mestiços. No fim da guerra do ultramar, Gilberto Freyre pronunciou-se contra o envolvimento das grandes superpotências no processo de descolonização, o que lhe valeu a impopularidade dos representantes dos movimentos de libertação africanos.

A colaboração de Gilberto Freyre com o regime português arruinou a sua carreira científica. Contudo não deixou de difundir a existência de uma comunidade lusófona, zelando pelos laços dos povos dessa comunidade.

Não obstante o carácter controverso das teses luso-tropicais de Gilberto Freyre, pode-se afirmar que o sociólogo brasileiro elaborou um quadro de valores que inspiraram a criação do chamado grupo não institucionalizado PALOPS (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), alargado aos outros países lusófonos e transformado num grande espaço comum económico e politico- diplomático de afirmação mundial em 1996, sob a designação de CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). A CPLP desempenhou um papel preponderante aquando processo de reconhecimento da soberania de Timor Leste, que acabou por integrar em 2002 a organização.

 







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