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Inês de Castro






Se olharmos para a literatura portuguesa, verificamos uma total ausência de figuras diabólicas. Não temos nem Faustos como têm os alemães, nem Begemotes ao estilo de Bulgakov. Contudo, um episódio sangrento da história de Portugal desmente a aparente e apregoada brandura dos costumes portugueses: o episódio de Inês de Castro, nobre galega, descendente direta do rei Sancho I de Aragão, pela qual o herdeiro ao trono de Portugal, Pedro I, se apaixonou.

A bela Inês de Castro, apelidada pelos poetas de “colo de garça”, era uma das amas de Constança, com quem o infante casara em 1336. A impopularidade do romance de Pedro com Inês junto da corte e do povo levou a que o rei D. Afonso IV mandasse exilar Inês na fronteira com Castela. A ligação amorosa levantava problemas de ordem moral, religiosa e política, pelo perigo que constituía a influência dos Castros para a soberania portuguesa. No ano seguinte, D. Constança faleceu, ao dar à luz o futuro rei D. Fernando I. À revelia do pai, D. Pedro mandou Inês regressar do exílio, e passou a viver com ela às claras no Paço da Rainha, perto de Coimbra. Da sua relação nasceram três crianças, tendo a primeira morrido. O seu nascimento desencadeou acesas intrigas. O rei tomou então a decisão de mandar executar Inês de Castro, aconselhado por Diogo Lopes Pacheco, Álvaro Gonçalves e Pero Coelho. Inês de Castro foi decapitada no paço, diante dos seus filhos, na ausência de D. Pedro. A notícia suscitou a sua ira. Ao subir ao trono, anunciou o seu casamento celebrado supostamente em segredo, para que a sua amada fosse lembrada como rainha de Portugal, obrigando os nobres a beijar a mão do cadáver de D. Inês, sob ameaça de pena de morte. De seguida empregou todo o seu zelo em perseguir os responsáveis pela morte da sua idília. Os carrascos castelhanos foram sentenciados em Sevilha. Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar à vingança do monarca. Quanto a Pero Coelho, mandou-lhe arrancar o coração pelo peito, e a Álvaro Gonçalves, pelas costas, considerando-os homens sem coração. Ordenou a trasladação do corpo de Inês de Coimbra para um túmulo majestoso no Mosteiro de Alcobaça, e posteriormente mandou confecionar um segundo túmulo, ao lado, onde ficaria sepultado, de acordo com a sua vontade. O assassinato de Inês de Castro teve implicações diretas na forma de governação de D. Pedro, que ao longo do reinado administrou a justiça no seu reino pelas próprias mãos. A brutalidade que empregou na vingança valeu-lhe vários cognomes: o Justiceiro, o Cruel, o Cru, ou o Vingativo.

O episódio trágico deu origem à única tragédia do teatro português: A Castro, de António Ferreira. Inspirou grandes vultos das letras portuguesas, da música, do cinema, da poesia, das artes plásticas. O grande poeta renascentista Camões dedicou-lhe provavelmente alguns dos mais belos versos da língua portuguesa, n os Lusíadas. O tema foi inclusive retratado pelo pintor russo Karl Briulov num quadro intitulado “Morte de Inês de Castro” (1834), que faz parte do espólio do Museu Russo em São Petersburgo.

Deste episódio trágico advém provavelmente também o célebre ditado popular que afirma que “de Espanha, nem bom vento, nem bom casamento”.

As intrigas, as razões de Estado, a crueldade, o desejo de vingança, a paixão eterna que envolveram este episódio histórico sem igual, projectaram-no para o domínio da lenda, cristalizando simultaneamente alguns dos antagonismos do caráter português.

Deixa-nos perplexos o fato de o Mosteiro de Alcobaça onde jazem lado a lado os eternos amantes, não ser o local de predileção dos que se amam. Meio mundo continua a rumar a Verona, para visitar os locais das quimeras fantasiosas das figuras literárias de Romeo e Julieta, quando poderia prestar homenagem ao túmulo de quem protagonizou uma das mais arrebatadoras histórias de amor de que há registo.

D. Pedro I Túmulo de D. Inês (Mosteiro de Alcobaça)

D. Inês Túmulo de D. Pedro I







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