Viagem ao Sul
Passados alguns dias, o António, a Cláudia e o Ilya resolveram continuar o seu périplo para o Sul, desbravando as terras do Alentejo. Até Évora, percorreram planícies a perder de vista, onde na paisagem predominavam sobreiros, azinheiras, figueiras e oliveiras.
A sul do Tejo, encontraram um tipo de exploração agrícola latifundiária, isto é, de grandes propriedades produtoras de cereais (trigo, cevada e aveia), milho, azeite, legumes e hortaliças. O Alentejo é uma região frequentemente sujeita a secas devido a escassas precipitações. Por isso ao longo do rio Guadiana foram construídas barragens para resolver os problemas de irrigação. O regime de Salazar transformou o Alentejo no grande celeiro do país. Portugal é o maior produtor de cortiça do mundo e abastece mais de metade do mercado norteamericano em azeite. Os amigos assistiram ao vivo à recolha da cortiça que ocorre de nove em nove anos: consiste em retirar a casca do sobreiro que volta a crescer consecutivamente.
Évora, classificada como Património Mundial em 1986, possui vestígios romanos, entre eles o Templo de Diana do século I dC e a Capela dos Ossos cujos pilares e paredes estão "decorados" com ossos em sinal de transitoriedade da vida. O Alentejo é famoso igualmente pela sua riqueza gastronómica e os amigos decidiram iniciar o Ilya aos prazeres da culinária alentejana. Pararam numa tasca típica em Borba onde saborearam o famoso queijo de Borba. Comeram pratos tradicionais, tais como açorda, gaspachos, ensopados e, à sobremesa, sericaia. Dalí seguiram para Vidigueira onde visitaram várias adegas, sendo que o vinho alentejano vai conquistando renome além fronteiras.
Mais para Sul do Alentejo encontraram uma paisagem mais variada: as planícies alternam com colinas. Numa delas se encontra Marvão, vila medieval em perfeito estado de conservação, com o seu castelo erigido no meio da Serra de S. Mamede. Pernoitaram na capital do Baixo Alentejo, em Beja, na pousada São Francisco situada num antigo Convento Franciscano do século XIII. A pousada é um tipo de hotel que permite ficar alojado num edifício histórico: palácios reais, mosteiros, casas senhoriais etc. De Beja, seguiram para o Algarve, território profundamante marcado pela ocupação muçulmana que se manteve desde os séculos VIII a XIII. A própria palavra Algarve é árabe (al gharb) que significa "o oeste". As regiões espanholas e portuguesas outrora conhecidas por al-gharb al-Andalus eram o mais importante centro islâmico da cultura, ciência e tecnologia. Nessa altura, a principal cidade da região era Silves, que, quando foi conquistada pelo rei D. Sancho I, dizia-se ser cerca de 10 vezes maior e mais fortificada que Lisboa. O Algarve foi a última porção de território de Portugal a ser definitivamente conquistado aos mouros, no reinado de D. Afonso III, no ano de 1249. Atualmente, o Algarve é o destino predileto de turistas de todos os países do mundo: tem ótimas condições para a prática do golfo e para atividades de lazer. O seu clima é temperado mediterrânico, caraterizado por Invernos amenos e curtos e Verões longos, quentes e secos. As águas do Atlântico sul costumam ser mais quentes do que as do litoral ocidental, as suas praias fazem o deleite de todos os que pretendem libertar-se do stress da vida urbana. O património histórico e etnográfico do Algarve e a sua deliciosa e saudável gastronomia são atributos que atraem milhões de turistas nacionais e estrangeiros todos os anos. Os produtos agrícolas tradicionais são as produções de frutos secos (figos, amêndoas e alfarrobas), aguardente de medronho. Regista-se ainda a produção de cortiça e de laranja. O Ilya ficou entusiasmado com tudo aquilo que viu, e ansioso por descobrir as regiões autónomas da Madeira e dos Açores que têm plena autonomia administrativa e carаterísticas de ilhas vulcânicas.
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