Ilya e o António chegam ao Restelo
Ilya: Que monumento é este? António: É a Torre de Belém. Foi concluída em 1520 no reinado de D. Manuel I, na margem norte do rio Tejo, para defender a barra de Lisboa. Como vês, o edifício é composto por um baluarte, de onde disparava a artilharia, e uma torre de menagem, comum a todos os castelos e fortalezas medievais. Ilya: Que esplendor! Nunca vi nenhum edifício semelhante em lado nenhum. António: É um dos melhores exemplos de um estilo arquitetónico típicamente português: o manuelino. E foi classificado como Património cultural de toda a humanidade, pela UNESCO, em 1983. Ilya: E acolá está um monumento mais moderno que eu já vi em roteiros turísticos. Já agora, refresca-me a memória... António: Aquele monumento celebra a gesta marítima dos heróis portugueses. Trata-se do Padrão dos Descobrimentos. Ilya: De que época é? António: O original é de 1940, da época da Exposição do Mundo Português. A réplica é de 1960. Foi encomendada pelo regime de Salazar, para comemorar os 500 anos da morte do Infante D. Henrique, dito o Navegador. Foi construída pelo arquiteto Cotinelli Telmo, e o escultor Leopoldo de Almeida. Nele estão representadas as esculturas de 33 figuras proeminentes dos Descobrimentos, entre elas o poeta Luís de Camões, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, que descobriu o Brasil, e D. Henrique, o navegador, à proa. Ilya: Porque é que decidiram construir precisamente aqui esses monumentos? António: Sabes, Belém é um sítio carregado de simbolismo. Em meados do século XV, numa pequena ermida, na zona do Restelo, junto ao Tejo, o Infante D. Henrique mandou ampliar uma igreja, sob a invocação da Nossa Senhora da Estrela, protetora dos navegantes. Resolveu enriquecer o significado da primeira invocação, dedicando a nova igreja a Nossa Senhora de Belém. Foi aí perto que o seu sucessor D. Manuel mandou construir o atual Mosteiro dos Jerónimos, por devoção a Nossa Senhora, crença em São Jerónimo e para comemorar a viagem de Vasco da Gama. Ilya: Ah, é por essa razão que o Restelo era o ponto de partida das caravelas para as descobertas? António: Exatamente. Ilya: E se subíssemos ao cimo do Padrão para desfrutar o panorama? António: Com certeza! Vamos a isso! (sobem então ao topo do edifício) Ilya: O que é este vasto mapa lá em baixo, desenhado no chão? António: É do mesmo ano que a réplica do Padrão. É uma rosa dos ventos, toda ela em mármore. Foi-nos oferecida pela África do Sul. Se reparares bem, no mapa central estão representados galeões e sereias. Todo o conjunto representa as rotas dos navegadores nos séculos XIV e XVI. Ilya: O período dos Descobrimentos marítimos é um período de grande orgulho para vocês, não é? António: Sem dúvida. Como se costuma dizer, através dos descobrimentos, “demos mundos ao mundo”. Ilya: Porque é que se lançaram nesta aventura? António: Na altura, não tínhamos muito por onde expandir no continente. A Espanha separava-nos do resto da Europa, e já nos tínhamos livrado dos árabes, o que nos deu um impulso para procurar alternativas às rotas comerciais do Mediterrâneo. Ilya: E porque é que achas que esse movimento de expansão foi tão bem-sucedido? António: Antes de mais, foi pelo facto de os Descobrimentos terem sido o resultado de um projeto nacional de navegações sistemáticas. Tínhamos uma extensa linha de costa. E como tínhamos conseguido expulsar do território os mouros, havia em todo este processo a ideia de que íamos também por esse mundo fora dilatar a fé cristã. Ilya: Mas não se lançaram ao mar assim sem mais nem menos, pois não? Antóni o: Claro que não. A Era dos Descobrimentos pressupôs todo um investimento tecnológico, nas áreas da ciência náutica, da cartografia, e da astronomia, que garantisse aos navios a navegação em segurança no Oceano Atlântico. ***
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