A Economia Portuguesa
Portugal é uma das mais antigas nações do mundo, mas ao mesmo tempo uma jovem democracia, que ainda há pouco, era o último império multicontinental europeu. Hoje em dia é um país dividido entre tradição e modernidade. Nas últimas décadas, Portugal mudou imenso, mais do que qualquer outro país europeu no mesmo período de tempo. Os primeiros sinais de mudança deram-se na década de 60 do século XX. Até então, Portugal era um país rural e pobre. A maior parte da população trabalhava no setor primário e noutras atividades como as minas. Os rendimentos eram fracos, e a produtividade, baixa.
A partir dos anos 60, assistiu-se a uma mudança social e económica, por influência predominante de fatores externos: a emigração para a Europa, o comércio, as modas e novos costumes trazidos não só pelos nossos emigrantes, como pelos turistas europeus, que descobriram Portugal como destino de férias. Para a transformação contribuiu muito a adesão à EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre), da qual resultou uma renovação da estrutura produtiva, com desenvolvimento da produção industrial, acesso a produtos e investimentos estrangeiros.
A mudança de paradigma económico foi rápida, e acelerou-se com a integração europeia. A composição social e profissional da população sofreu tranformações consideráveis. O setor primário que empregava cerca de metade da população ativa antes dos anos 60, emprega hoje apenas 6%. O setor secundário desenvolveu-se, passando de 28,9% para 37,9%, e o setor terciário cresceu exponencialmente, passando de 27,5% para quase 60%. Outro indicador da mudança é a plena integração no mundo do trabalho das mulheres, que representavam metade da população ativa. Gradualmente, Portugal foi-se aproximando dos padrões europeus, em termos demográficos, sanitários, e educativos.
Ao longo dos anos 80 e 90, o país foi registando índices de desemprego abaixo da média europeia. No capítulo da remuneração, contudo, situa-se até agora cronicamente longe dos países mais ricos. Os portugueses auferem rendimentos equivalentes a 65% da média europeia. Excetuando os trabalhadores da função pública, do setor bancário e outras corporações, uma proporção significativa da população tem contratos a prazo. Muitos inclusive trabalham a recibos verdes.
Portugal encontra-se entre os maiores produtores de materiais de construção e de ornamentação, tais como o xisto, o granito, o basalto, o mármore, o calcário, as areias e as argilas. No que diz respeito aos minérios metálicos, Portugal possui jazidas de cobre, volfrâmio, zinco, chumbo e estanho, que exporta em grandes quantidades. Tem a terceira reserva de urânio da Europa, e dispõe da maior mina do continente.
De um modo geral, o tecido empresarial português é constituído por pequenas e micro-empresas, sobretudo na indústria transformadora. Os setores que empregam mais gente são por ordem de importância: o comércio a retalho, seguido dos têxteis e couro, indústria da construção e obras públicas, das máquinas e equipamento, dos transportes e comunicações, dos restaurantes e cafés, dos alimentos, da madeira e da cortiça. A indústria têxtil atravessa neste momento uma crise sem precendentes, por não conseguir fazer face à concorrência dos países asiáticos que aderiram em 1999 à Organização Mundial do Comércio. As remessas dos emigrantes têm constituído nas últimas décadas uma importante fonte de receita para o país.
Quanto ao setor primário, tem sofrido ao longo das últimas décadas uma redução drástica, vítima não só do êxodo rural como também da Política Agrícola Comum Europeia (PAC), pouco favorável a Portugal: ali têm sido impostas cotas e restrições à produção. A destruição parcial da frota de pescas portuguesas foi por sua vez uma das mais dolorosas condições de adesão de Portugal à União Europeia em 1986. Um paradoxo, para um dos países que dispõe de uma das maiores áreas marítimas do mundo, praticamente privado de meios para explorar os seus recursos marítimos.
A aproximação da Europa tem sido pois um dos objetivos mais proclamados pela classe política portuguesa. É precisamente em nome dos compromissos europeus que o país, atualmente a atravessar um período de profunda recessão económica, é submetido a medidas de austeridade de um programa de reajustamento financeiro ditado pela chamada Troika, composta pelo Fundo Monetário (FMI), o Banco Central Europeu (BCE), e a Comissão Europeia. Tendo beneficiado de um resgate financeiro do FMI, o país vê-se obrigado a cumprir escrupulosamente as metas estabelecidas pela Troika, entre elas a redução da sua dívida pública e do seu défice orçamental. As perspetivas são pouco animadoras, não se prevê crescimento económico para os próximos anos.
A precariedade social aumenta, o desemprego atinge níveis inconcebíveis, principalmente entre os jovens, contribuindo para a agitação social, e para um novo ciclo de emigração.
Tudo isto não impede Portugal de ter sido considerado o melhor destino turístico de 2013 por um importante portal internacional de viagem e sexto país mais belo do mundo, por uma conceituada revista internacional de viagem, que classificou pela mesma ocasião Lisboa como a quarta mais bela capital do planeta. A harmonia paisagística, o seu clima, gastronomia, as suas praias fabulosas não deixam nenhum visitante indiferente.
Importa assinalar que o país não deixa de estar na vanguarda tecnológica em diversos setores. É um dos líderes mundiais na energia renovável. É pioneiro no sistema mundial de pré-pagamentos para telemóveis, está no topo de software de navegação na internet. Possui um dos melhores sistemas de Multibanco do planeta, revolucionou o sistema financeiro e tem três bancos nos cinco primeiros da Europa. Criou um sistema inovador de pagamento nas auto-estradas. Calça 100 milhões de pessoas em todo o mundo, e revolucionou o setor da distribuição no comércio. Abastece em azeite quase metade do mercado norteamericano. Não há marca de vinho que dispense as rolhas de cortiça portuguesa por esse mundo fora. Quanto à seleção de futebol portuguesa, é uma das melhores do mundo. Um dos laureados do Prémio Nobel de literatura é português, José Saramago. Sim, Portugal tem tudo isto e muito mais. Como observou há uns anos o carismático ex-presidente Mário Soares, Portugal é um pequeno país, mas o maior de todos os pequenos.
|